sábado, 6 de junho de 2009

A FORMAÇÃO DO CÂNON DO NOVO TESTAMENTO
A equipe de Formação do Cânon do Novo Testamento dá continuidade ao seu trabalho de pesquisa trazendo na integra a divisão em tópicos do processo histórico e avaliativo do Cânon Grego-Romano.

Os Documentos de Base:
Segundo os autores pesquisados não há um documento original o qual tenha sido base para os demais escritos no Século I e II d.C, porém, alguns escritos que inclusive fazem parte do Cânon usaram como fonte alguns documentos que se tornaram conhecidos e serviram de fontes para outros escritos da mesma época. Um exemplo disso é o Evangelho segundo Marcos que segundo vários autores tem como fonte informativa o documento Q (Quelle na língua Alemã). Mas o próprio Evangelho de Marcos teria sido utilizado como fonte informativa para os outros dois sinópticos Mateus e Lucas.
Entrando um pouco no mundo dos manuscritos é importante sabermos que eles têm uma grande importância nesse processo de Formação do Cânon do Novo Testamento porque eles eram os escritos que circulavam no momento nas comunidades e foram servindo posteriormente de fontes para vários outros escritos. Lembrando que esses manuscritos foram escritos em papiros e pergaminhos. Os manuscritos considerados mais antigos do Novo Testamento são Vaticanus e o Sinaíticus. Ainda nessa questão dos documentos de base não podemos deixar de fora as traduções, onde algumas são mais antigas do que muitos manuscritos gregos. Também as citações que eram tidas como terceiro grupo de documentos e eram feitas pelos Pais da Igreja em ocasiões especiais.

Formação do Cânon do Novo Testamento:
A palavra Cânon tem vários significados: padrão, diretriz, regra, vara de medir. Devido a isso a palavra Cânon passa a ter um peso significativo no processo de seleção dos escritos dos Séculos I e II d.C. Lembrando que estamos falando do Cânon grego-Romano. A partir da fala de Gerd Theíssen, o Novo Testamento é o resultado de um processo em três fases: comunicação oral; as tradições orais estão presentes nas perícopes dos evangelhos. Os primeiros escritos cristãos, Cartas Paulinas e o documento Q têm suas fases na comunicação oral. Na segunda fase ele (Gerd T.) aborda a comunidade literária fechada. O período de 70 a 120 é o momento que surgem à maioria dos escritos do Novo Testamento, porém, são restritos as suas comunidades de forma fechada ou particular. Na terceira fase há um destaque para as comunidades literárias em processo de abertura. É nesse momento que os vários escritos saem do ambiente de suas comunidades para os demais públicos.
A primeira necessidade do fechamento de um Cânon foi exatamente o fato de ter muitos escritos em circulação, no entanto, tinha que haver uma seleção desses escritos. Mas o que acelerou esse processo foi a Formação do Cânon de Marcião, que continha apenas o Evangelho segundo Lucas e dez Cartas Paulinas. Isso levou a Igreja a acelerar o processo seletivo do Cânon, haja visto, que Marcião tinha influências gnósticas e não era bem visto pela Igreja.
Quanto ao local de Formação de Cânon Roma é indicado como berço desse processo acompanhado das tradições da Ásia Menor, sendo que Síria e Palestina berços dos cristianismos ficam de fora nesse processo, que é formado não por adição, mas por eliminação. Todo esse processo teve sua delimitação total a partir da decisão tomada pelos Bispos da Igreja antiga, em sua pastoral comemorativa da Páscoa do ano 367 d.C. que ocasionou na confirmação e aceitação dos 27 livros canônicos pelos sínodos de Hippona (395) e Cartago (397).

Os Escritos do Novo Testamento:
Falando panoramicamente sobre os escritos do Novo Testamento iniciaremos pelos escritos narrativos ou Os Evangelhos. Quanto à palavra “Evangelho” em grego “Euaggélion” que tem o significado “profano”, porém, para Homero e Plutarco a palavra significava uma recompensa dada ao mensageiro pela sua mensagem. Entre os cristãos primitivos a palavra tem o significado de Boa Nova da Salvação em Jesus Cristo anunciada oralmente pelos apóstolos.
Por volta de 150 d.C, o termo evangelho chegou a designar os escritos do Novo Testamento que precisamente conta a Vida terrena de Jesus Cristo. Assim, temos os quatro Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João. Esses evangelhos formam um gênero literário a parte que tem como finalidade testemunhar acerca de Jesus Cristo “Filho de Deus” e salvador do mundo e dos homens.
O problema de ordem teológica que surge nesse tipo de literatura é a repetição de fatos ocorridos no movimento de Jesus Cristo que é denominado de problema sinóptico, pois, sempre vai surgir uma pergunta, porque não juntar os mesmos fatos em um só evangelho? Apesar das proximidades entre os evangelhos ainda existem diferenças, por exemplo, enquanto Mateus e Lucas começam com a infância de Jesus, Marcos começa com o ministério de Jesus, deixando de fora a infância de Jesus. Diante de tudo isso surgem várias hipóteses no que dizem respeito à formação desse conjunto literário as quais não entraremos em detalhes.
Gostaríamos de fazer de forma sintética um destaque da literatura sinóptica para a literatura Joanina, sabendo que essa se distancia bastante dos demais evangelhos, por esse motivo não é chamado de sinóptico. É diferente dos sinópticos não somente pelo quadro cronológico e pelo plano geográfico, mas por perspectivas teológicas diferentes. Neste evangelho, Jesus Cristo é ao mesmo tempo humano e divino, é o logos (Palavra), verbo de Deus, mas também logos encarnado, o verbo feito carne (João 1.14).
De forma cronológica não podemos deixar de fazer uma pequena apresentação da segunda parte da literatura Lucana conhecida como Atos dos Apóstolos, que segundo alguns autores pesquisados o seu conteúdo tem um destaque na vida dos apóstolos Pedro e Paulo, pouco se fala dos demais apóstolos, até onde se sabe Lucas e Atos dos Apóstolos formam dois volumes de uma só obra. Os Atos dos Apóstolos tem como objetivo apresentar a obra do Espírito Santo e a expansão dos Cristianismos através das comunidades primitivas.

Corpus Paulinum:
Devido a um trabalho de pesquisa que está sendo apresentado no STBNe, não vamos entrar em detalhes sobre a literatura paulina, fazemos aqui uma recomendação de leitura sobre esse assunto visitando
www.corpuspaulinum.blogspot.com, pois, há um ótimo trabalho por parte de uma das equipes da disciplina do Novo Testamento I.

A Carta aos Hebreus:
Se trata de uma epístola anônima, embora por muito tempo foi considerada pela Igreja do Oriente e do Ocidente como escrito Paulino, não se trata propriamente dito de uma epístola, mas antes de uma exposição doutrinal ou de uma prédica, cujo o tema central é o sacerdócio de Cristo.

As Epístolas Católicas:
São sete os escritos reunidos chamados de Epístolas Católicas: A Carta de Tiago, I e II Cartas de Pedro, I, II e III Cartas de João e a Carta de Judas. Há pouca semelhança entre elas e o motivo de estarem juntas é uma provável questão cronológica na arrumação dos livros até porque elas não fazem parte do Corpus Paulinum. Elas foram denominadas de Cartas Católicas pouca antes do século III d.C, embora não todas a princípio. Somente no século IV a denominação designa todo grupo, impõe-se definitivamente, com o historiador da Igreja Eusébio de Cesaréia e com Jerônimo o tradutor da Bíblia para o latim.
O significado original do nome Católica é desconhecido e geralmente se aplica a expressão “Universal” que vem da palavra grega “Katholikos”. Esta explicação deve valer para a carta de Tiago, I e II cartas de Pedro, a carta de Judas e para a I carta de João, já para a II e III cartas de João não vale, devido não ter sentido universal, mas sim pessoal.

Apocalipse:
No decorrer desta pesquisa percebemos que toda literatura é fruto de um movimento e a literatura apocalíptica provavelmente é a que mais esboça essa característica. Entendendo com isso que o movimento apocalíptico foi um forte movimento na Antigüidade e nesse movimento a linguagem era incrementada de simbologias como forma de comunicação mais propriamente dita da própria comunidade.
Os apocalipses eram um gênero literário tradicional do judaísmo. O autor, no entanto, serve-se, porém, de elementos litúrgicos do culto das comunidades primitivas para escrever os eventos futuros, que aconteceram na esfera celeste. Quanto à data, temos o testemunho de Ireneu do século II. De acordo com esse o apocalipse foi escrito no final do reinado de Domiciano no ano 96 durante a perseguição generalizada que este então dirigia contra os cristãos, que se recusavam a render culto ao imperador como se fosse um deus. Essa literatura é atual quando proclama a importância cósmica da obra redentora do reino de Cristo e a esperança de uma nova criação.

A História dos textos impresso:
Na realidade após a descoberta da arte da impressão de livros por Johannes Gutenberg, foi impresso inicialmente apenas a Vulgata, que foi a primeira edição do Novo Testamento grego sendo preparada na Espanha, e assim chamada de Complutense Poliglota, esse grande empreendimento foi inicializado pelo cardeal Ximenes, que na realidade abrangia todo o Novo Testamento, ou seja, o texto do Novo Testamento grego estava concluído em 1514, sendo em 1515 a primeira edição do Novo Testamento grego a ser elaborada. Vale destacar que foi a Bíblia que Ximenes publicou. Entre o Novo Testamento, esteve os primeiros livros impressos, uma vez que duas primeiras edições do grego é devida á iniciativa do então cardeal Ximenes, arcebispo de Toledo, que veio a falecer em 1517, que por sua vez fez imprimir em alcala uma Bíblia poliglota.
No começo do século XX aparecem edições que se aplicam um então método critico, o qual presta contas a história do texto e das relações das diversas famílias de manuscritos entre si. Esses textos tiveram algumas datas no momento de sua preparação Simon, (1712), Bengel, (1752), e wettstein, (1754). A edição mais completa até hoje continua sendo aquela de Tischendorf.


Bibliografias:
CULLMANN, Oscar. A Formação do Novo Testamento/ São Leopoldo: Sinodal, 2001
THEISSEN, Gerd. O Novo Testamento/ tradução do Carlos Almeida Pereira. – Petrópolis, RJ, Vozes 2007
KUMMEL, Werner George, Introdução ao Novo Testamento/ Tradução Paulo Feine – São Paulo: Paulinas, 1982
A Revista Rebla, A Canonização dos Escritos Apostólicos/Diversos autores, 42ª edição, Vozes, RJ 2002
KOESTER, Helmut. Introdução ao Novo Testamento, volume II: Tradução Euclides Luiz Calloni – São Paulo; Paulus 2005
SCHREINER, Josef e DAUTZENBERG G. Forma e exigências do Novo Testamento/tradução Benône Lemos – São Paulo, Teológica 2004
LOHSE, Eduard, Introdução ao Novo Testamento, Editora Sinodal.



2 comentários:

  1. Achei que a apresentação da pesquisa foi boa. Me permitam fazer uma sugestão: acho que a configuração do blog pode ser melhorada, o blogo com o fundo em cor escura e os caracteres do texto em cor clara, torna a leitura cansativa, por isso, acho que vocês poderiam ajustar essa questão decores no blog.

    Forte abraço...

    Odirlei

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  2. Ei turma...
    tô passando pra parabenizá-los...
    boa pesquisa...

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